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Gravidez e maternidade na adolescência – A realidade Angolana

     Não existem muitos dados relativos a gravidez na adolescência em África, mas a prevalência desta situação parece ser a maior do planeta pois há estudos realizados no continente africano que relataram uma prevalência que ronda as 143 a 229 gestantes em cada 1.000 mulheres adolescentes.

     Na tentativa de perceber as possíveis causas associadas ao aumento da incidência de gestações na adolescência em Angola, destacam-se uma enorme “rede multicausal” que torna esta faixa etária mais suscetível a essa situação, sendo as causas variáveis de acordo com cada região. Assim, a alta prevalência está associada ao baixo desenvolvimento, baixo nível de escolaridade, pobreza, tradições, tabus, etc. Em algumas regiões, a cultura exige que assim que os filhos nascem já lhes sejam escolhidos os parceiros e futuros maridos, sendo a partir daí limitado o contacto entre eles, só sendo permitido o mesmo após o alambamento (casamento tradicional), onde é oferecido ao casal presentes ou bens para sustento (Alexandre, 1968, citado por Tavares 2011). Por outro lado, há regiões em que a gravidez, tanto a primeira como seguintes na adolescência, é encarada com naturalidade, pelo que o contexto cultural e os valores tradicionais desempenham um papel fundamental.

     Em Angola, existem políticas e normas de saúde sexual e reprodutiva que contemplam o direito das pessoas de serem informadas e condições de acesso a métodos de planeamento familiareficientes e seguros, e serviços de atendimento integrais para poderem desenvolver uma vida sexual e reprodutiva satisfatória,saudável e sem risco. Contudo, a prevalência do uso de métodos de anticoncepção em Angola é de 6%, estando bem abaixo quando comparados com outros países africanos como Botsuana (37%), Lesoto (29%), Malavi (14%), Moçambique (12%), Namíbia (21%), Zimbábue (24%), Zâmbia (16%), Suazilândia (39%) e África Suazilândia Sul (21%).

     Alguns estudos mostram que em Angola as relações sexuais começam entre 11 e os 12 anos de idade, fazendo com que muitas adolescentes engravidem antes de atingir a idade adulta. Sendo a taxa de adolescentes sexualmente ativos muito alta (75%) e baixo o conhecimento e uso de métodos contracetivos, dados da mesma fonte apontam que 37% das raparigas adolescentes com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos já tinham engravidado e 17% dos rapazes tinham consciência de ter engravidado uma rapariga. Igualmente foi registada uma elevada incidência de gravidezes de risco interrompidas em adolescentes, com 50% das adolescentes grávidas a abortarem e tendo 75% desses abortos sido provocados ou induzidos.